Em Fluxo Continuo

Thursday, November 30, 2006

Chegou o frio no outono do Texas

Ontem estavam 26 oC, hoje chegou a 01 oC. Agora estao dois graus. A noite passada veio um tornado que mudou tudo. As arvores estao perdendo suas ultimas folhas e tudo esta ficando mais cinzento, mas bonito.
Pela manha choveu muito, pela tarde teve sol e pela noite ficou escuro.
Ha muito tempo nao pegava uma temperatura assim, acho que desde crianca quando nevou em minha cidade. Em Porto Alegre, durante o dia, nao me recordo de ter vivido a zero grau, so de madrugada. Eh interessante e nos meses errados mais ainda. :-)
Esta imagem esta junto com outras muito lindas de Austin, por Zanthan Photos.

Pessoal do Knight

O Centro Knight para o Jornalismo nas Americas eh feito por um grupo de pessoas com toda a seriedade e competencia que se pode ter.
Uma equipe muito boa, coordenada por Dean Graber, que jah morou no Brasil, trabalhou com agencias de noticias e conhece o pais como poucos.
Fiorenza Bruni, secretaria do Knight, foi a primeira pessoa que contatei aqui na UT, depois de meu orientador, Rosental Alves, obviamente. Ele, junto com Sergio Charlab, foi quem colocou o Jornal do Brasil na internet, em 28 de maio de 1995, o primeiro a entrar na integra no Brasil. Compartilho com Fiorenza almocos agradabilissimos e muito sobre a cultura de aqui. Fiorenza eh de San Antonio, a cidade que mais gosto no Texas, fez mestrado na Italia e tem um filho lindo que acabou de fazer 17 anos.
Vanessa eh uma brasileira que faz doutorado na UT, onde tb fez o mestrado. Eh orientada pelo professor McCombs, uma referencia mundial em Agenda Setting e uma pessoa muito simpatica. Vanessa me deu a maior mao, umas dicas otimas e uma termica da StarBucks muito legal onde levo cafe para os longos dias na library.
Alejandro eh meu parceiro de show dos Stones e das horas de buscas e traducoes no Knight, ele busca informacoes na America Hispanica , jah que eh natural do Mexico, do outro lado da fronteira. Sua educacao toda foi nos EUA, onde esta terminado este ano Jornalismo. Compartilhamos a visao guerrilheira de mundo e dos EUA, onde ele pedira a cidadania, em sua mais ironica e estrategica atitude pessoal. :-)
Nao lembro a pronuncia, quica sei escrever, o nome de Vanessa (Yeah-hoe?) em coreano. Ela eh quem cuida do sistema, o CMS (sistema de gerenciamento de conteudos) que gera o site do Knight.
Este foi o almoco de aniversario dela e de Alejandro.
Eba, e na sala de Rosental.
Ainda ha Russel, mas ele nao estava no Knight neste momento. E Amy, que trabalhou remotamente na sexta e perdeu a pizza. :-)

Analise Politica Brasileira

Ontem, dia 29 de nov, houve uma palestra na UT do cientista politico Bolivar Lamounier sobre as eleicoes presidenciais no Brasil. Lamounier expos sua analise do processo eleitoral e declarou-se descontente com a reeleicao. Para ele, Lula foi eleito pelo Nordeste devido ao Bolsa Familia, que foi um projeto iniciado por FHC. Wendy Hunter, da UT, problematizou as questoes de forma muito competente.

Lamounier esqueceu de comentar que a reeleicao foi um projeto de FHC - e sem o afastamento do cargo.

Sua exposicao retomou a analise etnocentrista paulista e levou a audiencia ao questionamento de ateh que ponto um cientista deve envolver-se com politica partidaria.

Para nao ser totalmente injusta, ele disse que nao estavamos compreendendo bem seu ponto de vista, pois nao quis dizer que Lula foi eleito pelo nordeste que eh pobre em funcao do bolsa familia. Entao ta.

Como acredito muito no ser humano, siga o link para ver uma entrevista do professor no site de sua cidade natal, a mineira Dores do Indaia, mas nao esqueca que sao muitos anos de Sao Paulo e um doutorado na UCLA em Los Angeles. A mesma UCLA cujos colegas levaram varios minutos para reagir mediante o agressao sofrida por um estudante do oriente medio dentro da biblioteca nesse mes.

Gastronomia tenebrosa




Esta foi a partir do Blog do GJOL, onde Marcos Palacios postou sobre o no Worth 1000 uma competição de Photoshop sobre o ThanksGiving que premiou as criações mais disgusting sobre a tradicao do dia do peru.
Acesse se tiver coragem.

Thursday, November 23, 2006

Thanksgiving

Na ultima quinta-feira do mes de novembro, ocorre o ThanksGiving nos Estados Unidos e esta oficialmente aberta a temporada de caca, quer dizer, de compras. O Dia de Acao de Gracas e a semana toda eh muito especial, as pessoas confraternizam, compartilham com as familias, os U.S. americanos ficam mais abertos, ainda mais solicitos e educados.

O simbolo do ThanksGiving eh a cornucopia repleta de alimentos e ha o agradecimento por tudo que se tem recebido, eh a festa da colheita. Esta data era celebrada pelos antifgos gregos (para Demeter), romanos (para Ceres), hebreus (Sukkoth) , chineses (para Chung Ch'ui) e egipcios (para Min). Nos EUA eh o Turkey Day.

Como principal feriado, eh uma data gastronomica para a falimia. Toda a programacao de midia e entretenimento eh voltada para o ThanksGiving.

E a sexta-feira eh o melhor dia do ano para compras, com ofertas muito, muito tentadoras. Eles a chamam de Black Friday. Talvez seja o unico dia do ano que os U.S. Americans se empurram nas lojas. Eu nao fui lah para conferir, mas agora compreendo bem seus olhares de panico nas ruas, nos onibus de Salvador e no Mercado Modelo :-) E tambem sei o motivo do U.S. estavel com padrao medio nao ir ao Brasil gastar seus dolares, depois da questao da violencia e de ter um aviao com reporteres do NYT voando fora de rota. Nos demais dias, a distancia regulamentar dentro de um mercado, de uma loja somente nao eh respeitada pelos latinos, eu incluida - obviamente.

Entao, na quinta-feira anterior ao ThanksGiving eh o dia de comemoracao no local de trabalho, com os colegas, pois a data mesmo eh para os familiares e suas questoes. O almoco que ocorreu no Campus Club para funcionarios e professores da universidade foi muito bom, com todas, todas as guloseimas. Pumpkin Pie eh a torta tipica. Veja as comidas e explicacoes na Wikipedia: Stuffing, mashed potatoes com gravy, sweet potatoes, cranberry sauce, Indian corn, other fall vegetables, and pumpkin pie.

Quanto aa historicidade, tudo comecou em 1621 quando os Peregrinos (Pilgrims) ingleses apos chegar aos Estados Unidos e se instalar, estavam preparando o festim. Depois da viagem de barco, no MayFlower, com tempestades, muitos haviam morrido e outros estavam morrendo de fome e era inverno. Entao, os indios Wampanoag em sua hospitalidade e generosidade cacaram para a festa dos puritanos. Alguns escritos afirmam que o banquete foi celebrado com indios e ingleses juntos; outros, em separados. Depois houve jogos e celebracoes. Entao, eh um dia para os esportes e de paradas.
Na ha evidencia historica de que perus tenham sido servido neste banquete inicial, mas ele eh o simbolo do ThanksGiving nos EUA. O ave eh nativa do Mexico.

Tuesday, November 14, 2006

Musica para minhas orelhas

Saturday, November 11, 2006

Norman Mailer and Gay Talese na Universidade do Texas

Sempre ha eventos interessantes na UT, eh a 15a. melhor universidade do mundo, mas alguns sao mais interessantes do que outros...
Acabo de chegar de um que ficarah para sempre calado no fundo de m'alma. Com o auditorio cheio, claro que cheguei atrasada, mas com o jeitao americano de credenciais e uma solicitacao, as portas abriram. Foram duas horas de uma "conversacao" com Norman Mailer e Gay Talese, que dispensam apresentacoes, e o tambem escritor, produtor e diretor Lawrence Schiller. Talese eh uma finesse, com seu lenco vermelho no bolso do paleto preto e a gravata amarela. Mailer totalmente despojado e Schiller bem atento.
Eles falaram sobre o New Jornalism, sobre a diferenca de contar uma historia para a ficcao e para o jornalismo. Falaram sobre as guerras, os politicos, em uma linda declaracao de Mailer sobre Bush e o restante da gangue, lembraram alguns momentos da historia americana da qual participaram e discutiram sobre seus pontos de vista de coberturas e impressoes de pessoas que entrevistaram. Mailer disse para os jovens escritores matarem o revisor :-).
Eh muito bom ver pessoas que fizeram a historia deste pais defendendo tao veementemente seus pontos de vista. Mailer tem 82 anos; Talese, 74.
No final, Mailer leu um longo trecho de seu novo trabalho, quando ha um incesto e toda a complexidade e questionamento do humano neste momento.
Foi emocionante. Muito.
Eu que amo o New Journalism, que li todos os beats na minha adolescencia (com os quais Mailer conviveu), fico de coracao aguado.
A UT recentemente comprou os arquivos de Norman Mailer, que ainda nao estao disponiveis, por 2,5 milhoes de dolares.
Veja mais em Harry Ransom Center acquires Norman Mailer archive.

Wednesday, November 08, 2006

Lua no Rio da sala

Ha algum tempo escrevi para ela, mas nao sei onde esta. Hoje, somente quero olha-la. Deixar que passe de leste a oeste trespassando meu olhar.

Encontrei:

Deitada, escrevendo sob sua luz,
sinto a luminescência diminuir,
tal caimento de fase elétrica.
Elevo os olhos e vejo
nuvens ligeiras tentando te cobrir,
mas seus raios insistem e volto a te perceber tal holofote alumiador.

Vapores esbranquiçados que parecem querer te engolir,
mas você fixa em seu majestoso e eterno movimento
retransmite o fascínio de amantes, poetas, marés
com pequenas manchas escurar no lumiar total.
Ainda não creio que sua luz é alheia,
a racionalidade em nada altera,
e talvez isso só aumente seus mistérios,
pois brilha, seduz com a luz de outrem,
só por existir, por estar ali em seu devido espaço.

Tal holografia, os vapores brancos passam por detrás de estrelas fixas
e fico aqui, deitada, puramente sua, devota e apaixonada.

Tuesday, November 07, 2006

Amigos nos EUA


Em junho deste ano estive alguns dias na casa de minha amiga-irma que nao via ha uns seis anos. Moravamos em Porto Alegre, mudei para Salvador, fui vista-la no ano seguinte, eramos tres mulheres com nomes parecidos que estavam sempre juntas e que trocavam e trocavamos nossos nomes. Ela foi morar em Miami, casou com uma pessoa linda e teve um filho fofo demais.
Mudou-se para a Georgia, para uma casa de bruxa. Fomos na disneylandia dos marmanjos e compramos tudo o que esta dentro do carro para seu jardim :-).


Em final de agosto, inicio de setembro fui para a California (viver a vida sobre as ondas) tambem para encontrar com meu amigo que mora em San Diego. Uma pessoa mais que especial com um doutorado e dois pos-doutoramentos em inteligencia artifical. Mas o que mais gosto nele foram suas escolhas, seu caminho e sua espiritualidade que aproximou o melhor da tecnologia com o melhor da energia. Conseguimos acertar nossas agendas, chegamos de noite...fomos recebidas muito bem em sua casa que eh linda e passamos um tempo muito bom. Curto demais...

Fui em seus dois lugares especiais em San Diego. E ele nos deu todas as dicas que um expert poderia do Grand Canyon e de Sedona, lugares lindos que nos fazem sonhar.

A bonança



Entao, mudanca efetuada, casa organizada, tudo em seu lugar, vem a contemplacao.

Belo Colorado que quase lago se transforma, mas passa, passa, passa. Que bom seria ir-me neste fluir...

Aqui dia estranho hoje, pesado, de eleicoes. Bush no Texas, isso quer dizer ainda mais paranoia. Mas sem esquecer que Austin is the blue city in a red state.
Dia estranho...muito estranho.

Saturday, November 04, 2006

Mudanças

Nasci em uma casa de madeira com uma escada grande de cimento que subia da rua e chegava no porao, passava pela casa mesmo e se tranformava em um piso onde tinha dois tanques, um para lavar, outro para molho, que era tao, mas tao grande que podíamos nos afogar nele, crianças que éramos. Tinha uma cozinha com fogão à lenha, quentinha. Com quatro anos, mudamos para um lugar enorme, da Comunidade Evangélica. Nossa casa, então, tinha três quartos, duas salas e demais peças. Depois, havia mais uns doze quartos, separados por uma grande porta que fechava o corredor. Cada um tinha uma história, mas a que mais gosto é a de que subíamos nos roupeiros e saltávamos para cima da cama, em momentos festivos e furtivos.

Havia uma grande área fora com árvores frutíferas, uma horta, um galinheiro, a lavanderia, o espaço do varal, o gramado do quintal. Esta é a casa onde estão minhas memórias, este foi o lugar onde mais “estive” em minha vida. Esta casa me viu crescer e eu a vi transformar-se. Vi a área externa desaparecer, vi as avencas do barranco de trás serem substituídas por um estacionamento. Vi o quintal e o campinho transformarem-se em um pavilhão de esportes que servia de moradia para os desabrigados nas enchentes e no restante do tempo para comemorações - esportivas ou não. Vi a deterioração da madeira e os sulcos na umidade nas tábuas. Ela tinha dois pavimentos também, o de baixo com um piso enorme, uma cozinha, uma despensa, um refeitório com mais de 20 mesas para dez pessoas cada, uns seis banheiros externos e uma areazinha com três quartos e um banheiro em separado (o lugar que mais gostava por ser pequeno e aconchegante).

Depois mudei para estudar em Porto Alegre. Morei em um JK na João Pessoa, perto de tudo. Foi minha adolescência, a faculdade de engenharia, tudo novo e – sera? – interessante.

Depois, foi a vez da moradia estudantil, um período com outras percepções e sapiências. No meio teve Marquês do Herval e uma rua paralela a Borges no centro da cidade que não me lembro o nome, onde estive como visita-moradora. Então, sempre na Cidade Baixa, veio a João Alfredo, o término do Jornalismo, outras histórias, outro momento.

Aluguei, pela primeira vez em meu nome, meu apartamento no Bom Fim. Fiz uma reforma nele, havia acabado de sair um traficante de armas dali. A imobiliária foi ótima, contratei um picareta para fazer o trabalho e só me incomodei.

Saí de lá para ir ao Nordeste: Fortaleza, Canoa Quebrada, Natal, Caruaru e Salvador. Sem conhecer, sem nada entender, havia decidido que ali iria morar. Cheguei de ônibus com minha mochila e fui para o Albergue da Juventude no Pelourinho. Isso pela manhã, pela tarde peguei a chave do apartamento onde morei no Santo Antônio. No outro dia mudei para uma das vistas mais lindas que já tive. Fiquei lá seis meses, mudei para a Pituba, para morar com minha grande amiga-irmã em um apartamento de cobertura muito lindo e perto de onde todo mundo caminha na orla.

Saí de lá para ter minha casa, nos Barris, um apartamento no mesmo prédio que meu amor. Ele Morava no terceiro andar, eu no oitavo. Mas quis buscar a utópica tranquilidade da praia em Salvador: Stella Maris, e o barulho me fez aguentar quarto meses. Uma experiência que não recomendo a ninguém – mas ainda escreverei sobre ela J e a casa era uma gracinha com vista para o mar dos dois lados.

Voltei para a civilização soteropolitana e para o Canela, bairro feliz, cheiroso.

Então mudei-me para Austin, onde morei um mês perto do campus, em uma área somente de estudantes, outro mês no extremo norte da cidade, 45 min a uma hora de ônibus do campus, e depois aluguei meu apto na beira do Colorado, muito feliz. Outra mudança. E hoje estou fazendo outra, ou melhor, deveria estar fazendo, mas como fiquei presa no trânsito e não consegui pegar a chave até as 5h P.M. da sexta-feira, fiquei sem energia elétrica em meu apartamento atual e sem a chave do apartamento para o qual estou indo.

E como o sistema americano não permite entregar a chave fora do horário divulgado como sendo de funcionamento, estou com velas nos casticais presenteados em meu apto.

Por que tantas mudanças? E eu sei? Só sei que paz de espírito não tem preço.

Esta é a terceira vez em minha vida que coloco minha casa dentro de poucas malas. J Mas desta vez não vale, pois minha casa mesmo é onde está meu coracao, com todas as nossas coisinhas, aqui é uma extensão.

Sou canceriana, carrego meu mundo.

E cá estou na sala de ginástica do condomínio, sentada sobre a esteira que desliguei para carregar a bateria do computador. Cá espero com o chimarrão a tiracolo e já frio, questiono-me e escrevo…. 84% cheia, repleta.